terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Navegação de cabotagem necessita de portos melhores e mais navios para crescer



Navegação de cabotagem necessita de portos melhores e mais navios para crescer: Porto de Porto Velho (RO), situado à margem direita do Rio Madeira
Créditos: Divulgação
A ampliação da utilização da navegação de cabotagem no Brasil passa pela melhoria da infra-estrutura portuária e pelo aumento da capacidade atual da frota de navios. Para a superintendente de navegação marítima da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), Ana Maria Canellas, também é preciso ampliar a divulgação dos benefícios desse tipo de transporte. A cabotagem é o transporte marítimo realizado entre dois portos da costa de um mesmo país ou entre um porto costeiro e um fluvial.



Ela também aponta como um dos empecilhos para o crescimento do setor o fato de o combustível utilizado para a cabotagem ser mais caro que o destinado ao chamado longo curso, ou seja, utilizado em navios que fazem exportação de cargas. Segundo Canellas, a legislação do transporte aquaviário diz que deve haver uma equiparação, com a não-incidência de impostos também sobre o combustível da cabotagem, o que não acontece na prática. "A diferença é em média de 17% a mais no combustível", afirma.

O diretor da Aliança Navegação e Logística, José Antônio Balau, também ressalta a necessidade do crescimento da frota de navios. "Existe muito mais carga para ser transferida das rodovias para os navios", afirma. Para ele, a melhoria da infra-estrutura portuária é fundamental para que o transporte de cabotagem possa competir com o rodoviário.

"O transporte de cabotagem tem que ser rápido e confiável, e o porto é o elemento fundamental. Hoje nós sentimos que os portos estão no limite, eles precisam urgentemente de novos investimentos principalmente em terminais de contêineres, para dar o suporte que a cabotagem precisa", diz.

Falta no Brasil uma "visão de navegação", na opinião de Meton Soares, que é vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e diretor da Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário (Fenavega). "Espero que em breve o governo abra os olhos para a cabotagem e para o longo curso porque o Brasil merece ter uma marinha mercante muito maior, como já teve no passado", avalia.

Segundo ele, a transferência do transporte de cargas do meio rodoviário para a cabotagem ocorre mais por causa da falta de condições das estradas e da insegurança do que pela eficiência do setor marítima.

De acordo com a Secretaria Especial de Portos, uma das medidas que estão sendo estudadas para estimular a navegação de cabotagem no país é a redução do custo de abastecimento dos navios em comparação com o óleo diesel utilizado pelos caminhões. Em nota, o órgão diz também que estuda a adequação e regulamentação da legislação, o estímulo à ampliação e modernização da indústria de construção naval e a reorganização portuária.

SUBUTILIZAÇÃO

O Brasil tem cerca de 8 mil quilômetros de costa e mais de 40 mil quilômetros de vias potencialmente navegáveis. Mesmo assim, o transporte aquaviário de cargas corresponde a 13,6% de toda a carga que é transportada no Brasil, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Enquanto isso, as cargas transportadas pelas estradas brasileiras chegam a 61,1% do total.

O transporte de cargas feito dentro do país pelo meio aquático, chamado de navegação de cabotagem, é subutilizado no Brasil, na avaliação da superintendente de navegação marítima da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), Ana Maria Canellas. "Hoje ainda se tem conhecimento de caminhões saindo do Sul para o Norte do país levando cargas, o que poderia ser feito pela navegação de cabotagem", diz.

O custo mais baixo, a segurança e a integridade da carga são as principais vantagens da navegação de cabotagem, na visão do diretor da Aliança Navegação e Logística, José Antônio Balau. "O transporte marítimo em contêineres de aço são verdadeiros cofres de carga e é sempre mais seguro que o transporte rodoviário", afirma. Segundo a Secretaria Especial de Portos, o custo do frete na navegação de cabotagem é cerca de 10% menor que no transporte rodoviário.

Balau lembra também que, em termos ambientais, o transporte marítimo é mais interessante para o país que o transporte rodoviário, pois tem menor consumo de combustível e menor poluição, além do desafogamento das estradas e da diminuição da necessidade de investimentos em conservação e na construção de novas rodovias.

Segundo Balau, apesar das vantagens, as empresas brasileiras ainda estruturaram a sua logística interna apoiadas principalmente nas estradas. "A transferência do modal rodoviário para o modal marítimo é um processo de conquista ano a ano", avalia.

"O sistema rodoviário continua sendo preponderante, a despeito de as nossas estradas estarem bastante precárias", afirma Meton Soares, que é vice-presidente da CNT e diretor da Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário (Fenavega). Para ele, a perda de cargas, especialmente a granel, poderia ser reduzida substancialmente se o Brasil utilizasse mais o transporte de cabotagem.

Segundo ele, apesar das melhorias registradas no setor nos últimos anos, ainda é preciso ter uma melhor distribuição de cargas pelo sistema de cabotagem no país.

"Os Estados Unidos produzem a soja a preços mais altos do que produzimos no Brasil. Entretanto, eles exportam soja mais barato que nós, porque lá a transferência do produto do interior para os portos é muito mais barata, pois eles utilizam mais o sistema ferroviário e o hidroviário, nós utilizamos quase essencialmente o sistema rodoviário", compara Meton Soares.

Dados da Pesquisa Aquaviária da CNT, realizada em 2005, mostram que os principais produtos transportados por cabotagem são alimentos (20,8%), produtos químicos e inflamáveis (17,7%), celulose e papel (10,0%) e eletroeletrônicos (9,2%).

Outros produtos também transportados por cabotagem são materiais de construção, produtos de higiene e limpeza, produtos metalúrgicos, veículos e auto-partes, móveis e utensílios domésticos, embalagens e vasilhames, rações, madeira e derivados, minérios, bebidas, calçados e confecções, borracha e plásticos.

FONTE

Agência Brasil
Sabrina Craide
Repórter

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